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Leonardo Aparecido Santos Silva

Decorrente do profundo impacto que a Grande Recessão de 2008 causou nas economias de mercado em nível internacional, a política macroprudencial emergiu ao centro do debate econômico como a forma ideal de regulação dos mercados financeiros modernos. A presente tese tem por objetivo geral analisar os impactos da política macroprudencial sobre a dinâmica de crédito doméstico, em termos teóricos e empíricos, a partir da visão recente do mainstream econômico do funcionamento do sistema financeiro. Em termos teóricos, parte-se da avaliação da construção da nova visão do mainstream econômico sobre o comportamento dos agentes no mercado financeiro como indutores de bolhas financeiras que aumentam a probabilidade de eclosão de crises financeiras sistêmicas, para, em seguida, analisar teoricamente a importância da política macroprudencial como regulação capaz de diminuir a probabilidade de processos especulativos que levem a formação de bolhas financeiras. Em termos empíricos, pondera-se quais os principais grupos e ferramentas macroprudenciais foram utilizados nas economias e seus impactos sobre o saldo de crédito total e desagregado (consumo, imobiliário e empresas) através dos métodos qualitativo e quantitativo-descritivo, análise exploratória dos dados, e aplicação do método quantitativo-econométrico, mínimos quadrados ordinários corrigidos pela matriz de covariância, ambos métodos para o período total e dois subperíodos com o intuito de captar o papel da institucionalidade da política macroprudencial. Observou-se a prevalência na aplicação de medidas relacionadas ao grupo de oferta, bem como a ascensão do grupo de liquidez e balanço de pagamentos após a institucionalização da política macroprudencial a partir de 2009, foco de aplicação de instrumentos voltados ao curto prazo e na direção do aperto regulatório, dado que os diferentes saldos de crédito apresentaram forte crescimento real durante o período analisado, indicando o papel contracíclico da política macroprudencial. Os resultados econométricos apontaram para resultados mais promissores no saldo de crédito de consumo e imobiliário e mistos para o crédito total, sendo que em todos os saldos os resultados foram melhores a partir de 2009, reforçando a importância da institucionalização da política macroprudencial.