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Cristiéle de Almeida Vieira

Esta dissertação é composta por dois ensaios à cerca da Economia da Saúde Infantil no Brasil. No primeiro, realizou-se a mensuração e análise da evolução de um Índice de Pobreza Multidimensional Infantil (crianças até cinco anos) para as Unidades Federativas Brasileiras, nos anos de 1998, 2003 e 2008. Para isso foi utilizada a base de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) - Suplemento de Saúde dos anos destacados e o método Alkire-Foster. Este índice foi formado por dimensões e indicadores de educação (escolaridade da mãe), saúde (plano de saúde, estado de saúde e internação de crianças) e padrão de vida (condição de habitação, acesso a água e saneamento, destino do lixo, iluminação domiciliar e ativos). Conforme resultados, encontrou-se que embora a pobreza infantil tenha reduzido de 1998 à 2008 em quase todas as unidades da federação, o número de indicadores médios sofreu elevação. Isso significa que embora a quantidade de crianças pobres diminuiu no período, o número de indicadores privados daquelas que continuaram na pobreza aumentou. Este fato reflete que as crianças marginalmente pobres (menos pobres entre as pobres) em 1998 conseguiram superar a pobreza em 2008, enquanto as severamente pobres (mais pobres entre as pobres) continuaram no estado de pobreza crônica. Na distribuição espacial do índice observou-se que a pobreza infantil foi mais severa nas Unidades Federativas do Norte (Acre, Amazonas, Pará) e Nordeste (Maranhão) do país nos três anos de análise, especialmente, em quesitos de padrão de vida e saúde. Assim, a perpetuação da pobreza nas mesmas regiões em 1998, 2003 e 2008, retrataram que as desigualdades regionais persistiram ao longo da década. No Ensaio 2, analisou-se os determinantes globais e locais (socioeconômicos, demográficos e de gestão em saúde) das internações hospitalares infantis (crianças menores de 5 anos) por doenças infecciosas intestinais nas microrregiões do Brasil para o ano de 2015. Foram aplicadas as técnicas de Econometria Espacial, com destaque para a Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), as especificações dos modelos econométricos e o modelo de Regressão Ponderada Geograficamente (GWR-Geographically Weighted Regression). De acordo com os resultados, aglomerações do tipo Alto-Alto foram evidenciadas, principalmente, em microrregiões do Norte e Nordeste do país; já do padrão tipo Baixo-Baixo em áreas litorâneas do Sul e Sudeste. As especificações econométricas inferiram que a taxa de pobreza monetária, o esgotamento inadequado, o acesso a atenção primária (Estratégia Saúde da Família) e terciária (leito pediátrico) apresentaram associação positiva com essas internações. Por sua vez, a densidade demográfica teve efeito negativo sobre essa variável. O impacto da vizinhança também foi verificado pela significância das variáveis taxa de pobreza, esgoto inadequado, leito pediátrico e internações por doenças infecciosas intestinais defasadas espacialmente. Isto significa que as condições de vida dos fatores supramencionados das microrregiões circundadas são capazes de aumentar/reduzir as internações por este tipo de enfermidade na microrregião de análise.